Colelitíase
A colelitíase é a presença de cálculos no interior da vesícula biliar. Esses por sua vez são o resultado de um desequilíbrio na saturação das substâncias constituintes da bile (sais biliares, colesterol e sais de cálcio), predispondo a precipitação de cristais e consequentemente a formação de estruturas semelhantes a pedras. Os cálculos biliares variam em tamanho, desde um grão de areia até uma bola de tênis de mesa, e em quantidade, podendo existir apenas um ou múltiplos cálculos biliares ao mesmo tempo.

Existem 3 tipos de cálculos na vesícula, na dependência da composição do material solidificado:
- Cálculos de colesterol puros: Ocorrem em 5%-10% dos casos, predominam em mulheres e tem incidência crescente com a idade. Sua composição é de 90% de colesterol.
- Cálculos mistos: Contem 60%-90% de colesterol, sendo o restante formado por bilirrubinatos e outros sais de cálcio; são os mais comuns (70%-80% dos casos), com maior incidência em mulheres idosas. Este tipo de cálculo se associa frequentemente à colecistite e apresentam uma cor amarelada.
- Cálculos pigmentares: Esses cálculos contem menos de 25% de colesterol e, em função disso, sua coloração varia do negro ao marrom. Os cálculos pigmentares negros ou puros são constituídos por bilirrubinato de cálcio polimerizado e outros sais de cálcio, não estão relacionados a bile infectada e associam-se a doenças hemolíticas crônicas ou cirrose
Apesar de ser popularmente conhecida como pedra na vesícula, a colelitíase pode formar cálculos nos ductos que transportam a bile desde seu local de produção até o intestino.
A bile é produzida pelo fígado e então armazenada na vesícula até que o organismo sinalize a presença de gordura no interior do trato digestivo, quando então a vesícula é estimulada a contrair e lançar a bile no interior do duodeno para auxiliar na digestão de gordura. A cólica biliar, dor característica da colelitíase, ocorre exatamente quando um cálculo obstrui a saída da bile do interior da vesícula para o intestino e então a vesícula se contrai de maneira mais vigorosa na tentativa de vencer essa obstrução, e exatamente por isso comumente os sintomas ocorrem após ingesta de alimentos gordurosos.
Estudos evidenciam uma incidência de litíase biliar em 20 a 30% da população, sendo que a grande maioria dos pacientes são assintomáticos e todos os anos, 1 a 4% das pessoas com cálculos biliares apresentam episódios de cólicas. Outros pacientes podem ainda referir sintomas dispépticos (eructações, plenitude, náuseas), após ingesta gordurosa, ou mesmo um “mal estar” vago e impreciso. Entre as possíveis complicações estão a inflamação da vesícula biliar (colecistite), inflamação do pâncreas (pancreatite), icterícia e a infeção dos canais biliares (colangite), sendo que a maioria destas complicações citadas ocorrem quando um cálculo se desloca e obstrui o ducto hepatocoledoco (coledocolitíase). Dentre os sintomas usualmente presentes nestas complicações estão dor com duração superior a cinco horas, febre, pigmentação amarela da pele, urina escura e fezes claras.
Quais são os fatores de risco?
Os principais fatores de risco são:
- sexo feminino;
- idade acima de 40 anos;
- obesidade;
- gestação;
- dieta rica em colesterol e gorduras, porém pobre em fibras;
- histórico familiar para colelitíase;
- diabetes;
- perda de peso rapidamente.
Como é feito o diagnóstico?
Diante de um paciente que se apresenta com algumas das queixas anteriormente citadas, o diagnóstico deve ser confirmado através de uma ultrassonografia / ecografia abdominal. Este é o melhor e mais sensível método diagnóstico na colelitíase, apresentando uma sensibilidade e especificidade superior a 90% ao demonstrar imagens ecogênicas que causam uma sombra acústica posterior.
Qual o tratamento para as pedras na vesícula?
O tratamento para colelitíase é cirúrgico, a não ser que o paciente apresente contraindicações para realizar a cirurgia. Tudo depende dos riscos e benefícios que a colicistectomia, isto é, a retirada da vesícula biliar, possa trazer. Não há como prever se ou quando o paciente com pedras na vesícula vai apresentar sintomas, porém uma vesícula com cálculos é uma vesícula doente com potencial de complicação, então torna-se mais prudente submeter-se a um procedimento cirúrgico, com riscos e trauma cirúrgicos reduzidos com o emprego da técnica videolaparoscópica, em um momento em que a anatomia do paciente está preservada ao invés de fazê-lo em um momento no qual ela já está distorcida por uma inflamação, o que aumenta e muito os riscos da cirurgia (lesão de alça intestinal, lesão de via biliar, sangramentos, dentre outras).
Se houver algum fator de risco de maior gravidade, tenta-se o tratamento clínico com antibióticos, analgésicos e dieta específica.
Vale ressaltar que os pacientes diabéticos não devem tardar na realização do procedimento cirúrgico por apresentarem maiores riscos de complicações graves.
O cirurgião geral é o especialista indicado para diagnosticar e definir o melhor tratamento para o problema de pedras na vesícula, de acordo com as condições físicas do paciente, a localização das pedras e a gravidade do caso.